quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um ícone para os fumantes!

Minha irmãzinha me lembrou, no post anterior, da nossa dignissíma tia Olga, a Orga, recém-falecida. Ela era um verdadeiro ícone para os fumantes. Ela fumou a vida inteira, dos 20 e poucos aos 82 anos. No ano passado descobriram um câncer no rim. E a família inteira caiu matando em cima dela pra que ela parasse de fumar. Parou. Não deu um ano, morreu.
Na época, eu e minha irmã fomos as únicas da sobrinhada que não queriam que parasse de fumar. E nem era porque erámos fumantes também. Na nossa opinião, uma senhora que chega aos 82 anos depois de fumar por quase 60, que morra fumando, oras. Parar, nesta altura do campeonato prolongaria a vida dela? Eu acho que não. Como não prolongou. Mas ela seria muito mais feliz, neste restinho de vida, sem a abstinência.
A Orga (como os irmãos, caipiras lá do interior de São Paulo, a chamavam) era uma mulher solitária. A mais velha de sete irmãos, nunca casou, viveu mais pra cuidar dos outros do que ser cuidada. Teve uma época de rebeldia e foi morar em São Paulo. Lá, costurava pra algumas casas de alta costura. Dizem que costurou até pro Dener. O detalhe é que o cigarrão estava sempre na boca. A máquina de costura dela e a parede onde a máquina ficava, no apê de São Paulo, eram amarelos-nicotina. Ela tinha aquela voz rouca que só o cigarro dá e a tossezinha seca de pigarro.
Abandonou tudo pra cuidar do pai doente. Passou quase 10 anos aguentando meu avô, que ficou bem desagradável no fim da vida. Não que ele tenha sido uma flor de pessoinha quando era saudável. Minha mãe conta cada história....
Mas a tia era muito querida pelos sobrinhos e mais ainda pelas sobrinhas, que se (a maioria) aproveitavam do dom para ganhar roupas de alta costura como só ela sabia fazer. Mas, no fim, só eu e a minha irmã defendemos os interesses dela. Não a favor do cigarro. Mas dela mesmo.
Eu fico imaginando o que ela deve ter sofrido no final da vida. Com o câncer? Não, com a falta daquele companheiro da vida inteira.

5 comentários:

  1. agora sim!
    cofcofcof... orgaorgaorgaorgaorga

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  2. Entrei pela primeira vez no seu blog. Vi, no perfil, que voce gosta de gatos e tem mais deles do que filhos. Embora não comungue deste mesmo gosto por gatos, achei esse virtual legal pacas. Dá prá brincar a vontade com ele pelo mouse e ele parece também ficar acompanhando a gente nos movimentos pela tela. Meu pai também fumou a vida inteira. Morreu aos 72 anos e teve que parar com o cigarro como sua tia, mas fumava meio escondido. Nos seus ultimos dias, no hospital, quando eu ia visita-lo, ele já nem falava e entubado erguia os braços em minha direção. Houve quem dissesse que procurava por cigarro no bolso de minha camisa. Parei de fumar de vez, desde então. Fazem 18 anos.

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  3. "A Orga (como os irmãos, caipiras lá do interior de São Paulo, a chamavam)"

    Esse povo de Londrina é muito metido a besta mesmo!!! Vim de uma cidade do interior de São Paulo (como muitos que vivem aqui) e desde minha chegada achei interessante o fato de alguns moradores de uma cidade perdida no meio de um poeirão vermelho insistirem em reproduzir sons tipicamente paulistanos (ex: falam água beinta e não água benta). Isso é que é falta de identidade própria...

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  4. Prezado Mazzoropi, assisti muitos de seus filmes na minha infância. Adorava. Mas acho que o céu (ou o inferno, sei lá) não lhe fez bem. Tá variando? Eu sou do interiorrrr paulista, caipira sim com muito orgulho. Cresci escutando moda de viola, vendo festival de catira e falando porrrrta. Sotaque, aliás, que faço questão de presevar como perceberia se me conhecesse pessoalmente. Em nenhum momento menosprezei os caipiras, porque sou uma e assumo, sem nenhuma vergonha. Só comentei como meu pai e tios chamavam a irmã, como todos os caipiras o fazem.

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  5. Ola Telma é possivel divulgar esse posto aqui no seu blog é questão de utilidade publica eu faço parte dessa entidade aqui e estamos precisando de ajuda. como o seu blog tem muitos acesso creio que seria uma boa divulgar ta aqui o link:
    http://opiniaodoalmir.blogspot.com/2009/04/utilidade-publica.html

    Abraços

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