Bom, e porque estou escrevendo isso? É que sexta-feira, dia 29, meu filho se formou na faculdade. Ou seja, tô realmente ficando velha. Nem o nascimento do meu neto, há quase três anos, me deu esta consciência. Principalmente porque hoje, mulheres de 30, 34 anos já são avós. Mas vê-lo, ali, no Moringão, de beca, no mesmo lugar em que eu colei grau, há trocentos anos, me emocionou um monte. Principalmente porque ele foi na minha formatura, ainda um bebê de um ano e poucos meses. Agora era ele ali, no meu lugar.
Além desta constatação básica de que o tempo passou, a formatura do meu filho me deu também uma satisfação profunda, tipo dever cumprido, sabe? Acho que qualquer pessoa com filhos pode entender facilmente o que estou sentindo. Quando a gente tem filhos, faz o que pode e - às vezes - até o que não pode para criá-los bem, dar-lhes uma boa educação, um futuro melhor. A maioria dos pais tenta tornar suas crianças gente decente, que valha a pena ser chamados de seres humanos. Às vezes, nem sempre consegue.
Eu, me orgulho de dizer, consegui, apesar das minhas falhas como pessoa e até como mãe. Tá, tive ajuda do pai dele, por um bom período. Mas a bucha grossa caiu sempre nas minhas costas. Fui eu quem teve que falar de sexo, masturbação, aids e drogas com ele. Fui eu quem chamou a atenção e corrigiu os erros e também quem apoiou e deu os parabéns pelos acertos. Fui eu quem estimulou ele a estudar e ser alguém. Fui eu quem o fez crescer até se tornar um homem bom, sem preconceitos, de mente aberta e responsável pelos seus atos. Calma, ele não é perfeito. Tem falhas, sim, como todo mundo. Mas, de modo geral, posso dizer que fiz um bom trabalho.
Tudo que eu podia fazer por ele, eu fiz. Agora, é a vez dele fazer o máximo pelo filho. E eu vou estar atrás, sempre, dando meu apoio. Porém, a bola está com ele. Meu trabalho está feito.