sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sobre mercadões, quiosques e táxis

Nós últimos tempo, por força da profissão, tenho acompanhado a polêmica entre a Prefeitura, permissionários dos espaços públicos de Londrina e Câmara de Vereadores. Embora, em minhas reportagens, tenha me insentado de emitir opiniões sobre quem tá certo ou errado nesta história toda, eu, como cidadã, tenho minhas opiniões. E elas, por incrível que pareça, são favoráveis à prefeitura.
Veja bem, não estou contra aos permissionários. Acho que os caras estão certos em brigar para continuar onde estão, seja um quiosque, um box num mercado ou um ponto de táxi. Porém, eles não podem tratar a coisa pública como propriedade assim como ninguém pode ser dono de um pedaço de rua. Eles não poderiam vender, alugar ou passar de herança uma coisa que não é deles. Isso é lei. E todo mundo precisa respeitar as leis. Não apenas eu ou você, leitor. TODO MUNDO. Inclusive a prefeitura. Se não, vira bagunça. Se o Brasil quer ser primeiro mundo, precisa começar a pensar como Primeiro Mundo. Parar de tentar "dar jeitinho" em tudo, de tentar levar vantagem em tudo.
No dia da votação da lei que regulamenta o serviço de táxis em Londrina, voltava eu para o JL num táxi. E conversando com o motorista, fiquei sabendo que a mãe dele tinha sete pontos na cidade. A mãe, funcionária pública do Estado, tinha herdado os pontos de uma irmã falecida que, por sua vez, os tinha conquistados por ser servidora municipal. Os pontos eram "o patrimônio" deles, como me falou o taxista. Inclusive um, no Aeroporto de Londrina, que "valia" R$280 mil reais. E que agora ela ia tratar de vender, fazer dinheiro antes que prefeitura revogasse a permissão.
Fiquei assombrada com tanta cara de pau. O cara sabia que NÃO poderia passar a permissão de uso para outro. Mas iam fazer mesmo assim.
E esse mesmo taxista é um daqueles que reclamam dos políticos, da falta de vergonha de alguns que, mesmo condenados pela Justiça, tentam voltar ao poder para continuar mamando nas tetas das licitações fraudulentas, das maracutaias e mensalões. Esse é o tipo de pessoa que critica as coisas erradas que o governo faz, mas não deixa de procurar os vereadores mais populistas para "ajudá-los" quando a coisa aperta para seu lado. Farinha pouca, meu pirão primeiro.
Neste dia, eu percebi que este país precisa de um choque amplo, geral e irrestrito. Alguma coisa que balance os alicerces das mentalidades tacanhas. Algo tipo uma bomba atômica para zerar tudo e começar de novo. Quem sabe, uma bomba mesmo.
Porque reclamar dos outros é fácil. Fazer a coisa certa também é só para os outros. A maioria ainda segue fielmente o princício da Lei de Gerson: "gosto de levar vantagem em tudo."
Tô pensando em me mudar para o Canadá.

2 comentários:

  1. Telma, quero parabenizá-la pela postagem.
    Concordo contigo, pois a maioria das pessoas pensam mal de quem faz algo para tirar vantagens mas afirma que, se estivesse no lugar do indivíduo, se comportaria da mesma forma.
    Assim fica difícil mudar esse nosso Brasil.
    Mas... não vamos desistir. Quem sabe nossos filhos acabam lendo textos como esse e se tornem pessoas melhores do que somos hoje.
    Abraços
    Nilton Micheletti
    Londrina-PR

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  2. Do outro lado do permissionário, que reclama do "despejo", há a população em geral que espera que a "Coisa Pública" seja tratada de acordo com o "Interesse Público", observados os princípios constitucionais, em especial nesse caso, o da Isonomia.
    Se é interessante ceder um espaço público para o desenvolvimento de uma atividade comercial ou prestação de serviços, também é sensato que a escolha seja efetuada através de um processo que garanta a participação de todos os interessados no desenvolvimento da atividade, ou seja, mediante Licitação. Parabéns pelos seus oportunos apontamentos.

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