sexta-feira, 2 de abril de 2010

A comédia da falta de dinheiro

Estava eu reclamando da vida pra um amigo, falando da falta crônica de dinheiro no fim do mês, quando ele me veio com uma história acontecida recentemente. Ri tanto, que quase fiz xixi nas calças. E decidi que tinha que repassar. Não sei se vou conseguir dar o tom com que foi contada, porque este meu amigo é um ótimo contador de histórias. Ele interpreta cada papel com uma riqueza de detalhes que poderia ser um ator. Mas, enfim, vamos a ela.
Segundo meu amigo, ele estava com exatos R$1,68 na conta corrente e crente que iria sair o pagamento naquele dia. Saiu do trabalho e foi a pé ao banco mais próximo, que nem ficava tão perto assim. Mas duro de tudo, não tinha opção. Chegou felizinho ao caixa eletrônico e.... nada. Continuava com um R$1,68 na conta. Sem ter o que fazer - nem dava pra voltar à firma para pedir dinheiro emprestado -, foi à pé para casa, coisa de mais de 30 quadras. Resmungou e reclamou todo o caminho, pensando na dureza que estava.
No dia seguinte, foi conferir com os colegas se o problema tinha ocorrido só com ele. E começou a ouvir uma série de infortúnios. "Agora imagine você, a S...., toda meiga que é, rodando o cartão do banco nas mãos e com uma carinha desconsolada porque ainda não tinha saído o pagamento. Ela me dizia: 'Isso nunca aconteceu antes', como se o banco tivesse broxado na hora H", me contou.
Um outro colega disse a ele que passou o maior carão ao abastecer o carro. O colega tinha ido levar alguém lá no cu do mundo e percebeu que estava sem gasolina. Chegou no posto, mandou abastecer R$50 e foi passar o cartão. "Só que dava senha inválida. Ele deixou o carro ali e foi num caixa eletrônico perto. Foi só aí que percebeu que o salário não tinha sido depositado. O saldo dele era de R$3,48", contou. O colega voltou ao posto e disse que o cartão estava com problemas. Teve que deixar o RG e o estepe no local. "Agora imagine a cena: ele todo envergonhado e o cara do posto gritando com outro do lado da rua: 'Ô fulano, tira o estepe deste daqui que ele vai deixar de caução'. Imagina a vergonha", disse. Mas, segundo ele, a saga não terminou ainda. Segundo meu amigo, o colega voltou no outro dia para pagar e resgatar documento e pneu. "E passou vergonha de novo, com o cara do posto gritando pro outro trazer o pneu da caução", contou.
Depois da história, ficamos eu e meu amigo lembrando dos perrengues que já passamos por causa de atrasos no pagamento ou de gente que demora a pagar os frilas. Rimos um montão. Mas isso agora, porque na época foi triste. Falta de dinheiro só é comédia quando a conta bancária está um pouquinho mais recheada.

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